2/23/2005

Uma vida...

O sangue corria-lhe nas veias. Era fluido, forte e cheio de sonhos.
Agora é apenas uma lembrança fel de um homem que ambicionou ser melhor.
A energia escorria para fora dos seus poros como gelado derretido no topo de um cone de bolacha.
Era difícil pará-lo, segundo consta.
Agora, está parado. E o mundo passa por ele.
Não deixa de ser uma forma engraçada de olhar para a vida. Uma espécie de carrocel onde nos apeamos, damos a nossa voltinha, e proporcionamos a vez a outros.
Assim, o mundo não é mais que um parque de diversões gigantesco. Cheio de voltinhas diferentes para dar.
Elegemos a nossa diversão, sabendo que o dinheiro não vai chegar para tudo. Embarcamos no que nos parece uma solução, plenamente conscientes que nunca conheceremos todas as outras. E no momento em que tomamos uma decisão, parte do universo morre. E os seus fantasmas perseguem-nos.
Somos constantemente perseguidos por auras aparentemente inócuas de realidades que não aconteceram.
Decidimos viver numa apenas. Carregamos connosco todas as outras.
Não desejos. Não frustrações. Não arrependimentos.
Apenas saudade dos futuros que nunca aconteceram.

Para João Carlos Toscano Westwood, 47 anos, médico, professor universitário, empresário, pai, marido, filho, meu primo, artista da vida, fonte de uma energia que decerto não se esgotará com a sua morte.