O quarto mês
Se começou agora a ler este blog, por favor leia as mensagens anteriores ("Terceiro mês", "Segundo mês", "Primeiro mês" e "A Sorte grande") para se situar no contexto.
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O quarto mês.
A mudança de estação.
A altura certa para deixar de pensar apenas em mim e animar os meus amigos com algumas engraçadas surpresas.
Para começar, desenvolveria uma máquina do tempo, mas que apenas andasse cinco minutos para trás ou para a frente. Parto do princípio que deve ser fácil criar uma máquina destas. Afinal, estamos a falar de apenas cinco minutinhos… (difícil mesmo deve ser criar uma máquina que movimente anos!).
E partiria então para algumas inusitadas brincadeiras.
Começaria por regredir no tempo sempre que os meus amigos dissessem alguma coisa com piada, apenas para conseguir cortar-lhes a palavra antes de o dizerem novamente. Assim, poderia brincar aos adivinhos, levando-os a um estado de loucura quase certo em poucas horas.
Após o seu quase-enlouquecimento e aceitação forçada de que algo muito estranho se estaria a passar, convencê-los-ia que eu era um profeta enviado por Deus à Terra. Levá-los-ia a uma igreja e tentaria convertê-los ao Cristianismo através do Baptismo e da Primeira Comunhão.
Em seguida, organizaria uma espécie de cruzada religiosa itinerante a que chamaria “The Paróquia Roadshow” (demonstra mais modernismo quando dito em inglês). Consistiria num grupo de paroquiantes dedicados a espalhar a boa fé da causa cristã pelo país fora, mas cuja única função seria afastar os meus amigos durante uns dias para me permitir efectuar mais algumas alterações nas suas vidas.
Começaria por mudar os nomes a todos eles. Passariam a ter não os nomes que os pais lhes deram, mas aqueles nomes que o "profeta" julgaria serem mais adequados para a sua pessoa. O meu irmão Filipe Toscano, por exemplo, passaria a chamar-se Persifal. E o meu amigo Gabriel passaria a dar pelo fantástico nome de Rámon Escobar, qual chulo sul-americano com ligações à máfia colombiana.
Com a companhia da Sílvia Alberto, a quem patrocinaria uma sessão de fototerapia na Corporación Dermoestética para tirar aquele insidioso sinal da cara, dispenderia umas tardes na Loja do Cidadão a trocar os nomes e toda a documentação relevante dos meus amigos, via bilhete de identidade falso que adquiriria em Londres. Ao que parece, é das coisas mais fáceis de lá encontrar.
Mas não me ficava por aqui.
Criava também contas bancárias falsas para todos eles, com saldos muito inferiores aos reais e avultados créditos pendentes para pagamento.
As suas casas seriam vendidas (apartamentos novos em Chelas para todos!) e toda a sua história seria reconstruída desde a sua adolescência.
Quando voltassem do retiro, severamente drogados graças aos aditivos que teria colocado nas lancheiras antes da partida, entrariam em contacto com uma vida que nunca tiveram, criando neles um strésse tal que os deixaria à beira da psicopatia.
Seria então que organizaria uma festa para todos eles, tendo também como convidados diversas celebridades da comunicação social portuguesa. Porém, como se trataria de uma cerimónia formal, os meus amigos não possuiriam traje adequado, tendo de voltar para os respectivos (novos) lares. No trajecto para casa, os carros onde se movimentariam seriam assaltados por mafiosos encapuçados, que os levariam para um barracão abandonado no meio de um mato escuro. Amordaçados e amarrados a cadeiras, um agente de segurança do SIS, devidamente identificado, interrogá-los-ia violentamente, com holofote apontado à cara e tudo, até que o primeiro deles se urinasse pelas pernas abaixo. Neste momento, um cãozinho da Scottex entraria pelo barracão adentro com um rolo de papel higiénico pendurado ao pescoço. O agente tiraria uma das folhas de papel desse rolo, onde estaria escrita a palavra SURPRESA!! em letras maiúsculas (não esquecendo o ênfase nos pontos de exclamação).
Completamente confusos e sem saber o que fazer, dirigir-se-iam para fora do barracão, apenas para dar de caras com o cocktail a que não compareceram na minha casa. Dezenas de écrans TFT encontrar-se-iam espalhados pelas árvores, a mostrarem filmagens de todo o processo que os levou à situação actual, desde a construção da máquina do tempo à falsificação dos seus bilhetes de identidade. O DVD estaria à venda, recebendo cada um deles (e os convidados) uma cópia gratuita. Oferecer-lhes-ia também uma t-shirt com a inscrição “Converteram-me ao Cristianismo, mudaram-me a identidade, a história, a casa, as contas bancárias, foderam-me a vida toda, e a única coisa que recebi foi esta t-shirt da treta!”.
No final, agradecer-me-iam por ter trazido um pouco mais de animação às suas vidas (pelo menos, acho que é isso que fariam…).
E eu ficaria feliz por os ter ajudado a animarem-se, pois vivo profundamente convicto que a amizade pode – por vezes – representar algum esforço. Mas é um esforço que vale a pena perseverar.
Moral da história: com amigos assim, quem é que precisa de drogas?
Pensem nisto, seus solitários enfadonhos…
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O quarto mês.
A mudança de estação.
A altura certa para deixar de pensar apenas em mim e animar os meus amigos com algumas engraçadas surpresas.
Para começar, desenvolveria uma máquina do tempo, mas que apenas andasse cinco minutos para trás ou para a frente. Parto do princípio que deve ser fácil criar uma máquina destas. Afinal, estamos a falar de apenas cinco minutinhos… (difícil mesmo deve ser criar uma máquina que movimente anos!).
E partiria então para algumas inusitadas brincadeiras.
Começaria por regredir no tempo sempre que os meus amigos dissessem alguma coisa com piada, apenas para conseguir cortar-lhes a palavra antes de o dizerem novamente. Assim, poderia brincar aos adivinhos, levando-os a um estado de loucura quase certo em poucas horas.
Após o seu quase-enlouquecimento e aceitação forçada de que algo muito estranho se estaria a passar, convencê-los-ia que eu era um profeta enviado por Deus à Terra. Levá-los-ia a uma igreja e tentaria convertê-los ao Cristianismo através do Baptismo e da Primeira Comunhão.
Em seguida, organizaria uma espécie de cruzada religiosa itinerante a que chamaria “The Paróquia Roadshow” (demonstra mais modernismo quando dito em inglês). Consistiria num grupo de paroquiantes dedicados a espalhar a boa fé da causa cristã pelo país fora, mas cuja única função seria afastar os meus amigos durante uns dias para me permitir efectuar mais algumas alterações nas suas vidas.
Começaria por mudar os nomes a todos eles. Passariam a ter não os nomes que os pais lhes deram, mas aqueles nomes que o "profeta" julgaria serem mais adequados para a sua pessoa. O meu irmão Filipe Toscano, por exemplo, passaria a chamar-se Persifal. E o meu amigo Gabriel passaria a dar pelo fantástico nome de Rámon Escobar, qual chulo sul-americano com ligações à máfia colombiana.
Com a companhia da Sílvia Alberto, a quem patrocinaria uma sessão de fototerapia na Corporación Dermoestética para tirar aquele insidioso sinal da cara, dispenderia umas tardes na Loja do Cidadão a trocar os nomes e toda a documentação relevante dos meus amigos, via bilhete de identidade falso que adquiriria em Londres. Ao que parece, é das coisas mais fáceis de lá encontrar.
Mas não me ficava por aqui.
Criava também contas bancárias falsas para todos eles, com saldos muito inferiores aos reais e avultados créditos pendentes para pagamento.
As suas casas seriam vendidas (apartamentos novos em Chelas para todos!) e toda a sua história seria reconstruída desde a sua adolescência.
Quando voltassem do retiro, severamente drogados graças aos aditivos que teria colocado nas lancheiras antes da partida, entrariam em contacto com uma vida que nunca tiveram, criando neles um strésse tal que os deixaria à beira da psicopatia.
Seria então que organizaria uma festa para todos eles, tendo também como convidados diversas celebridades da comunicação social portuguesa. Porém, como se trataria de uma cerimónia formal, os meus amigos não possuiriam traje adequado, tendo de voltar para os respectivos (novos) lares. No trajecto para casa, os carros onde se movimentariam seriam assaltados por mafiosos encapuçados, que os levariam para um barracão abandonado no meio de um mato escuro. Amordaçados e amarrados a cadeiras, um agente de segurança do SIS, devidamente identificado, interrogá-los-ia violentamente, com holofote apontado à cara e tudo, até que o primeiro deles se urinasse pelas pernas abaixo. Neste momento, um cãozinho da Scottex entraria pelo barracão adentro com um rolo de papel higiénico pendurado ao pescoço. O agente tiraria uma das folhas de papel desse rolo, onde estaria escrita a palavra SURPRESA!! em letras maiúsculas (não esquecendo o ênfase nos pontos de exclamação).
Completamente confusos e sem saber o que fazer, dirigir-se-iam para fora do barracão, apenas para dar de caras com o cocktail a que não compareceram na minha casa. Dezenas de écrans TFT encontrar-se-iam espalhados pelas árvores, a mostrarem filmagens de todo o processo que os levou à situação actual, desde a construção da máquina do tempo à falsificação dos seus bilhetes de identidade. O DVD estaria à venda, recebendo cada um deles (e os convidados) uma cópia gratuita. Oferecer-lhes-ia também uma t-shirt com a inscrição “Converteram-me ao Cristianismo, mudaram-me a identidade, a história, a casa, as contas bancárias, foderam-me a vida toda, e a única coisa que recebi foi esta t-shirt da treta!”.
No final, agradecer-me-iam por ter trazido um pouco mais de animação às suas vidas (pelo menos, acho que é isso que fariam…).
E eu ficaria feliz por os ter ajudado a animarem-se, pois vivo profundamente convicto que a amizade pode – por vezes – representar algum esforço. Mas é um esforço que vale a pena perseverar.
Moral da história: com amigos assim, quem é que precisa de drogas?
Pensem nisto, seus solitários enfadonhos…
2 Comments:
Ora bem, o k posso eu dizer? Sou um falhado! As minhas potencialidades nao podem ser aproveitadas por vcÊs... Parabéns pelo blogue mas por favor sejam mais...mais... acho k a palavra ideal é, engraçados!!
Atentamente, alguém k um dia tinah prazer em fazer parte da vossa equipa! Chamem-me J.
Caro J. (que estranha escolha para um nome próprio...),
nós não conseguimos ser mais engraçados que isto!
É por isso que fazemos sites e belógues na internet.
Se tivéssemos uma pinga de talento, já cá não estávamos...
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