7/26/2005

Não à discriminação!

Hoje em dia fala-se muito de "oportunidades iguais". De pensar nos mais desfavorecidos. Do não à discriminação.
Sou contra a ideia da discriminação selectiva per se, mas não sou contra a discriminação de uma forma geral.
Não gosto de ver pessoas discriminadas por causa da cor da pele, das preferências sexuais ou por gostarem mais de Nestum de mel do que Nestum de chocolate (apesar daqueles que gostam mais de Nestum de mel estarem completamente ERRADOS!). Mas acho que não há mal algum em considerar-me um ser discriminatório num sentido mais lato.
Afinal, não é a discriminação que nos permite coisas tão simples como escolher um dos pratos do dia num restaurante?

- Oh, meu amigo, sabe, o bacalhau assado soa-me bastante bem mas eu não gostava de discriminar as almôndegas...

Se forem a um dicionário, rapidamente perceberão que a discriminação tem como sinónimos "diferenciação", "distinção", "discernimento", etc. (tudo palavras começadas por "d". Será que a própria definição de "discriminação" é discriminatória?)
Ou seja, a discriminação é algo essencial para o ser humano. Só assim ele consegue tomar decisões e andar com a sua vida para a frente.
O termo tem hoje uma conotação muito negra por causa de problemas raciais, problemas de género, etc. Mas não se confunda isto com a necessidade que se tem de possuir atitudes discriminatórias para se poder tomar decisões.

É claro que, apesar de serem assuntos actualmente dotados de uma "politiquice correcta", há problemas que são tratados publicamente como a religião na Idade Média. Tem de se ter cuidado com o que se diz e não se pode ofender ninguém.
E como tanta gente passa tanto tempo a falar desses problemas (raciais e afins), acaba-se por - paradoxalmente - discriminar outros problemas que também deviam ser falados.

Tome-se o caso dos invisuais (vulgo cegos).
As inscrições em braille estão na moda. Até é considerado in ter inscrições em braille em qualquer casa-de-banho lisboeta. Ele é inscrições em braille em elevadores, nas entradas de edifícios, apitos para facilitar a passagem de um lado da rua para o outro, etc. Há até uma marca de roupa interior que está a trabalhar numa linha de lingerie em braille para que os invisuais não sintam que a sensualidade lhes está a passar ao lado. Existem livros gravados em K7's e CD's em quase todas as bibliotecas.
Ou seja, os cegos - dentro do mal que os aflige - até parecem não ter sido completamente esquecidos.
Então e os radio-telegrafistas?!
Os radio-telegrafistas continuam esquecidos, vítimas da atenção preocupante que a sociedade dá a todas as outras pessoas.

Por isso, e porque o DQD sempre foi um espaço tolerante (afinal, nunca foi apagado um comentário de um leitor, fosse um comentário inteligente ou completamente alarve), vou colocar um marco neste blog e fazer a primeira mensagem em código de morse, especialmente dedicada a radio-telegrafistas e entusiastas dessa forma de comunicação.

Não precisam de me agradecer! Um gajo faz o que pode...

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PS: sinta-se à vontade para deixar aqui um comentário em código de morse, se for essa a sua preferência

PPS: peço desculpa aos radio-telegrafistas pela falta de pontuação. Não é que não esteja prevista no código. Eu é que não o conheço assim tão bem.

PPPS: o plano para o futuro é criar uma cópia deste blog em código de morse e incluir ficheiros MP3 com os sinais sonoros respectivos, podendo assim satisfazer a crescente comunidade de radio-telegrafistas invisuais deste país.

Pensem nisto, seus discriminados mentais...

2 Comments:

Anonymous Anónimo diz que disse...

é... assim, se eu procurar o código morse, vou conseguir traduzir. mas é mais rápido que o próprio autor do texto coloque a tradução pros leitores, não? afinal os não-telegrafistas não podem ser discriminados.

9:02 da tarde  
Blogger Isa diz que disse...

Lá estás tu a fazer-me rir às gargalhadas... O pormenor da lingerie é no mínimo hilariante.

9:27 da tarde  

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