12/21/2004

Contrariedades aparentes

Por vezes, gosto de passar um dia em contrariedade comigo próprio. É um exercício interessante que aconselho toda a gente a experimentar.
Levanto-me mais cedo do que preciso, apenas para ficar num estado alterado que corresponde à não ingestão das minhas horas de sono normais. Faço um esforço para tomar um banho frio.
Saio para trabalhar e, em vez de ouvir um CD ou o meu iPod no carro, ligo uma estação de rádio manhosa (qualquer rádio portuguesa servirá para esse efeito) e oiço qualquer coisa que nunca ouviria em circunstâncias normais. Ao almoço, se me apetecer comer bacalhau, ofereço ao meu corpinho uma boa bifalhada. E se me apetecer fumar durante a tarde, aguento-me o resto do dia sem tocar num cigarro.
Este tipo de experiências é interessante pois parece haver algo em nós que fica baralhado. Os resultados podem variar entre deitarmo-nos completamente lixados da vida ou repararmos em algo que nunca vimos e pelo qual já passámos milhares de vezes.

Moral da história: às vezes estamos tão perto da floresta que não vemos as árvores.

Pensem nisto, minhas ameijoas rançosas…