A pobreza devoradora
Todos os Natais o mesmo fenómeno repete-se. Na noite de 25 para 26 de Dezembro sonho que estou a ser atacado por um animal feroz num local público. Este ano calhou ser um tigre de Bengala a querer fazer-me em postas num salão de Bingo da Amadora.
À luta com animal pelo salão fora, observava os olhares atentos e reprovadores dos clientes mais assíduos da casa. Fiquei com a sensação que desaprovavam o facto de eu querer lutar pela minha sobrevivência contra um animal em vias de extinção.
E não querendo de todo libertar o interpretador de sonhos que há em todos nós, confrontei-me com um dilema filosófico muito interessante. Ora se eu sou a favor da preservação de espécies em vias de extinção, então não devia tentar matar o sacana do tigre. Se o tigre me devorasse, sobrariam biliões de seres humanos neste planeta, qualquer um deles com menos piada que eu, é certo, mas sobrariam muitos e a espécie humana nunca estaria ameaçada. Por outro lado, se assassinasse o tigre, mesmo em legítima defesa, apenas salvaria mais um ser humano em detrimento de uma espécie prestes a desaparecer do planeta.
E que vida terá mais valor? A vida humana? Porquê? Porque é consciente da sua própria existência?
Não sei. E, sinceramente, nem quero saber. Qualquer destas perguntas deve dar pano para mangas e quero evitar que todos os filósofos-de-trazer-por-casa que me estão a ler desatem a estalar os dedos enquanto se acercam do teclado.
Queria apenas mencionar que deixei que o tigre me devorasse no sonho. Acho que sempre soube que acordaria seguro na minha cama. E o que são umas gotas de urina nuns lençóis de flanela quando comparados com o salvamento de um tigre de Bengala, ainda que imaginário?
Moral da história: a melhor atitude para se tomar, por vezes, não é a mais cobarde. Mas lá que dá um jeitaço…
Pensem nisto, pássaros do sul…
PS: um amigo, psiquiatra de formação e com quem almocei hoje, disse-me que este tipo de sonhos não são fora do comum em alturas de Natal. Pelo que percebi, o tigre representa a miséria a apoderar-se da minha carteira após intensos dias de compras e gastos desnecessários. E eu que deixei o tigre devorar-me…
À luta com animal pelo salão fora, observava os olhares atentos e reprovadores dos clientes mais assíduos da casa. Fiquei com a sensação que desaprovavam o facto de eu querer lutar pela minha sobrevivência contra um animal em vias de extinção.
E não querendo de todo libertar o interpretador de sonhos que há em todos nós, confrontei-me com um dilema filosófico muito interessante. Ora se eu sou a favor da preservação de espécies em vias de extinção, então não devia tentar matar o sacana do tigre. Se o tigre me devorasse, sobrariam biliões de seres humanos neste planeta, qualquer um deles com menos piada que eu, é certo, mas sobrariam muitos e a espécie humana nunca estaria ameaçada. Por outro lado, se assassinasse o tigre, mesmo em legítima defesa, apenas salvaria mais um ser humano em detrimento de uma espécie prestes a desaparecer do planeta.
E que vida terá mais valor? A vida humana? Porquê? Porque é consciente da sua própria existência?
Não sei. E, sinceramente, nem quero saber. Qualquer destas perguntas deve dar pano para mangas e quero evitar que todos os filósofos-de-trazer-por-casa que me estão a ler desatem a estalar os dedos enquanto se acercam do teclado.
Queria apenas mencionar que deixei que o tigre me devorasse no sonho. Acho que sempre soube que acordaria seguro na minha cama. E o que são umas gotas de urina nuns lençóis de flanela quando comparados com o salvamento de um tigre de Bengala, ainda que imaginário?
Moral da história: a melhor atitude para se tomar, por vezes, não é a mais cobarde. Mas lá que dá um jeitaço…
Pensem nisto, pássaros do sul…
PS: um amigo, psiquiatra de formação e com quem almocei hoje, disse-me que este tipo de sonhos não são fora do comum em alturas de Natal. Pelo que percebi, o tigre representa a miséria a apoderar-se da minha carteira após intensos dias de compras e gastos desnecessários. E eu que deixei o tigre devorar-me…
2 Comments:
O Tigre, lamento informá-lo, não é de Benguela! É de Bengala!
Obrigado pelo reparo.
Até faz mais sentido: foi de Bengala que eu saí da cama naquela manhã...
Enviar um comentário
<< Home