A vida na cidade
Há dias em que me sinto um rectângulo preto sem vida. Fico com vontade de cometer uma loucura para que alguém repare em mim. Compro uma seringa numa farmácia, encho-a com ketchup, vou para o metro em hora de ponta e grito bem alto “Sou seropositivo! E vou dar uma esguichadela do meu sangue para o ar se ninguém me oferecer um lugar!”. Depois sento-me, refastelado e com um sorriso matreiro nos lábios, e ponho um som a tocar no meu iPod.
Outros dias, porém, sinto-me um rectângulo branco e só me apetece meter conversa com o primeiro gajo que vejo na rua, oferecendo-me para lhe pagar um café e passando-lhe um cheque de 1000 euros apenas porque gostei da cara dele.
Moral da história: neste código de barras que é a vida numa cidade, a malícia do rectângulo preto faz-nos esquecer que, apesar de não o vermos, também existe sempre um rectângulo branco por perto.
Pensem nisto, minhas florzinhas de estufa…
Outros dias, porém, sinto-me um rectângulo branco e só me apetece meter conversa com o primeiro gajo que vejo na rua, oferecendo-me para lhe pagar um café e passando-lhe um cheque de 1000 euros apenas porque gostei da cara dele.
Moral da história: neste código de barras que é a vida numa cidade, a malícia do rectângulo preto faz-nos esquecer que, apesar de não o vermos, também existe sempre um rectângulo branco por perto.
Pensem nisto, minhas florzinhas de estufa…
1 Comments:
Obrigado, Ana, por este excelente elogio!
Lembra-te sempre que, à medida que vamos atravessando o código de barras, somos o rectângulo preto e o rectângulo branco. O que importa é garantir que continuemos com os ângulos rectos e saber que, lá no fundo, nunca somos qualquer dos rectângulos por muito tempo...
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